A canção estava pronta numa indagação dentro das asas de um futuro… passado que se chocaram. O vento desdobrou as entranhas da fala incomunicável e sem junturas, pois aos pedaços se dissolviam por todo aquele destino. O som rebatia todas as horas mais reflexiva, mas não conseguia captar aqueles ruídos e transforma-lo em algo digestivo numa rotulada compreensão que poderia se perde aos grãos neurônicos de uma memória com suas deslembranças mantidas ao silêncio…
A significação daquele cortante momento- palavra não se teoriza em nenhuma filosofia, teologia e pensamentos, mas em apenas a reconstituição do nada por meio de sua origem…O nada que nunca teve a oportunidade audaciosa de se apresentar dignamente, embora tenha perdido tempo em “pregas valorosas” que não puderem revelar a sua cor perceptível, pois ficaram em seus vestígios e sombras. E não existe uma provavelmente verdade pior do que ficar à margem sombreada de fragmentos e caóticos rastros. Por isso, basta de falsas configurações sobre o nada.
O nada é aquilo que jamais pensou sobre esse. Essa exclusão está mais presente do que a própria inclusão, para isso, é mais simples viver para excluir quando se trata do nada. Portanto, a carta que escrevo marca as minhas rochas desvozeadas de súbito e gritante sofrimento. Também não se trata de um manifesto ou de uma tese coerente. É apenas fluxo sem linha e sem origem, mas um dia poderá deságua em algum vale à luz de uma nova perspectiva de despensamento humano. Não que sejam ideais válidas, no entanto, apenas provoque os espasmos que circulam aquilo que considero alma.
Hoje pela manhã o nada me visitou novamente, sem piegas e tristeza, foi melhor do que a tão sonhada em noites sonâmbulas e idealizada felicidade. Entretanto, entreabriu meus pensamentos iniciais e corrompeu minhas rupturas para divagar no infinito de algo incoerentemente em direção às línguas e linguagens que conhecemos. Mas mesmo assim, arrisco em riscar meus rabiscos rasgados no papel que fragmentam a minha totalidade.
Esse ser andrógino ou esse não-ser. Esta descoisa. Porém tenho uma verdade passei amá-lo como uma libertação que purifica aquilo que ainda nunca existiu e espera a luz ofuscar para revelar seus sussurros. Sei que, agora, por toda a minha vida meu amor ao nada será cumprido como uma promessa de canção inacabada e rachada pelo silêncio. Isso não significa que deixei de acredita nesse sentimento, no entanto, o estágio dele não é humano e por enquanto se estabelece na dimensão da desmaterialização e despiritualidade que é algo que fica no viés dessa dicotomia. É a somatória das indefinições. Não posso afirmar que é novo, mas para minha vida isso é um fato. Ou melhor, in-fato , pois me encontro dentro de toda a minha vida em forma metonímica rítmica de ser desprender.
O ritmo da noite se entornou em azul cristalino que se escondeu na imaterialidade. Por toda a minha vida. Por toda a minha fragmentação. Meus votos ao nada que amparou meu amor não-humano como elogio à vida e seu direito de se calar….